O Primeiro dos 14 veículos vai ser transportado em cinco carretas de Santos até o Pátio da Água Espraiada, na zona sul de São Paulo.
A operação de subida da serra do litoral paulista começa hoje à noite e deve levar 12 horas. Por ser fim de semana, as cinco carretas vão subir diretamente sem parada no acostamento das rodovias, percorrendo cerca de 70 km. Toda a logística de subida foi previamente planejada pela BYD Skyrail São Paulo e pelo Metrô e tem o apoio de tráfego especial de forma a minimizar os impactos na circulação nas rodovias e avenidas durante o trajeto. Entre gestores, motoristas, policiais e agentes de trânsito, são mais de 40 profissionais envolvidos na operação.
O primeiro trem da Linha 17-Ouro chegou ao Brasil no fim de junho, vindo da China onde foi fabricado. A composição desembarcou no Porto de Santos e passou por longas etapas que compõem o procedimento de liberação aduaneira, incluindo a verificação da documentação, registros e pagamento de taxas. Cada carreta tem aproximadamente 30 metros de comprimento, mais de cinco metros de altura e mais de três metros de largura. Somando os cinco veículos, o comboio tem 150 metros, o que equivale a mais de dois quarteirões de extensão. Ao chegar no Pátio da Água Espraiada, o veículo será montado por completo e passará pelo protocolo de testes que vão garantir o certificado de segurança e liberação para a operação. Esse trem faz parte de um lote de 14 unidades encomendadas pelo Metrô junto à BYD Skyrail. A segunda unidade deve chegar ao Brasil ainda este ano e os demais serão entregues ao longo de 2025, de acordo com o cronograma estabelecido. “É um projeto que nasceu com o objetivo de contribuir com a melhoria da mobilidade dos moradores de São Paulo e de forma sustentável. Os trens são 100% elétricos, modernos e produzidos com tecnologia avançada. Estamos muito felizes com a entrega do primeiro trem como parte de uma etapa, mas temos ainda muito a fazer.” Comenta Alexandre Barbosa, diretor técnico da BYD Skyrail São Paulo.
Características do Veículo
O primeiro veículo, assim como as demais 13 composições, foi projetado exclusivamente para atender ao projeto da Linha 17-Ouro, com o modo de operação automática (UTO), utilizando tecnologia de Sistema de Controle de Monitoramento de Trens (TCMS) e sistema de sinalização CBTC, que, por meio de comunicação via rádio digital, forma blocos móveis entre os trens, permitindo maior aproximação entre eles e a redução do intervalo de circulação.
Cada composição do monotrilho é formada por cinco carros, sendo que os carros de extremidade contam com 21 assentos cada e os carros intermediários contam com 24 assentos cada, totalizando 114 assentos e com capacidade total para 616 passageiros, incluindo assentos prioritários e áreas para deficiente. A composição possui passagem livre entre os carros, sistema de ar-condicionado, iluminação LED, câmeras de vigilância, sistema de detecção e combate a incêndio, sistema de comunicação audiovisual aos passageiros, com mapa de linha dinâmico e intercomunicador para contato ao Centro de Controle Operacional (CCO).
O veículo mede 3,2 metros de largura, os carros de extremidade possuem 13,5 metros cada e os intermediários medem 10 metros de comprimento cada, além do comprimento da área de passagem que mede 0,95 metros, totalizando 60,8 metros de comprimento. Cada carro possui quatro portas (duas em cada lado) medindo 1,6 metros de largura que respeitam as normas e critérios de acessibilidade. As paredes laterais estão equipadas com janelas panorâmicas, proporcionando excelente visualização do entorno do trajeto e janelas tipo basculantes, que podem ser abertas caso necessário, garantindo ventilação de emergência para os passageiros.
O monotrilho opera sobre uma viga de concreto de 800mm de largura e possui dois truques por carro, sendo cada um equipado com um motor de tração, duas rodas de carga, quatro rodas guia e duas rodas estabilizadoras. O monotrilho opera com uma tensão nominal de 750 Vcc, com velocidade operacional de 80 km/h.
O monotrilho está equipado com baterias de tração, que funcionam como fonte de energia reserva para o veículo, garantindo assim que o trem chegue à próxima estação, mesmo que haja interrupção no fornecimento de energia, proporcionando uma segurança maior para o usuário em caso de emergência operacional.
Implantação da Linha 17-Ouro
O Metrô retomou a construção da Linha 17-Ouro em setembro do ano passado e vem avançando nas obras com mais de mil pessoas envolvidas. A empresa responsável pela obra civil já concluiu o lançamento de vigas, por içamento, da via de operação comercial, e há ainda atividades de fabricação das estruturas metálicas do Pátio Água Espraiada.
A BYD Skyrail São Paulo, que fornece os trens e parte dos sistemas elétricos, concluiu a montagem de 8 aparelhos de mudança de via (AMVs), a instalação da primeira porta de plataforma na Estação Vereador José Diniz, a fabricação do veículo de manutenção de Via, além do terceiro e quartos trilhos e dos equipamentos de sistema de sinalização. Em paralelo, ocorrem colocação de dutos e cabeamento de alimentação elétrica, além de trabalhos na China, como a fabricação de outros conjuntos de portas de plataforma e o sistema AARU (Unidade Automática de Receptividade Garantida) que faz parte do sistema de tração dos trens;
A meta é concluir a obra bruta até o final de 2025, permitindo o avanço da instalação de sistemas para a abertura da linha em 2026, que vai ligar o Aeroporto de Congonhas à rede de transporte sobre trilhos e beneficiar 100 mil pessoas diariamente.